A Vinha no Pico

A produção de vinho é uma das actividades agrícolas mais antigas, associadas à história da ilha do Pico. Fruto das inúmeras erupções ocorridas nas imediações da montanha, toda a zona ocidental da ilha era praticamente incultivável, sem solo arável, capaz de atrair culturas rentáveis, como o trigo.

No entanto, isso não foi suficiente para desmotivar os corajosos povoadores  que  nas fendas e cavidades naturais do pavimento vulcânico, ampliadas ou não, em largura ou profundidade, à custa de barra e marrão, abriram pequenas covas onde lançaram um cesto de terra (muita dela trazida da ilha do Faial) e plantaram bacelos cujas raízes se encarregaram de procurar nas camadas subjacentes, nutrientes e água para sobreviverem.

Junto à costa, sobre o lajido vulcânico, surgiu uma extensa área de vinha que se iria transformar numa das mais importantes actividades económicas da ilha, no raiar do século XVII.

A ligação à vitivinicultura Madeirense e a talvez importação directa de Creta de castas, como o Verdelho, desenhou o perfil dos principais encepamentos da ilha que ainda hoje são preservados em muitos aspectos, apesar do impacto da filoxera.

A vinha implantou-se sobretudo junto do mar para que temperaturas mais elevadas permitissem uma melhor maturação das uvas e procurou as melhores exposições solares, as quais encontrou sobretudo na costa oeste da ilha.

As características dos solos e o clima da ilha, condicionaram de forma marcante quer a forma de produção quer a qualidade do vinho produzido. Os ventos fortes provenientes de todos os quadrantes, o rossio do mar e as chuvas torrenciais, tornaram necessários muros de protecção da cultura, que se construíram em pedra de basalto. Desta forma a videira passou a crescer em pequenos abrigos, designados por currais, onde desfruta do calor retido no basalto durante o dia e liberto à noite, que associado à humidade provoca uma lenta desidratação dos bagos, que desta forma, aumentam a sua concentração em açúcar.